As pacientes são simuladas em decúbito dorsal com os braços sobre o tórax, com os joelhos e membros inferiores imobilizados.
A TC de simulação, quando disponível, deveria ser utilizada para a simulação de tratamento. Os lasers da TC de simulação devem ser alinhados anteriormente e lateralmente, e marcações ou tatuagens devem ser feitas para prevenir a rotação lateral da pelve.
As pacientes devem ser simuladas com a bexiga parcialmente cheia e orientações devem ser dadas para mantê-las no mesmo volume durante todo o tratamento, já que alterações no volume da bexiga influenciam a posição da cérvice e do colo uterino. Alternativamente duas TCs, uma com bexiga cheia e outra com a bexiga vazia, podem ser realizadas para a criação do ITV.
Os cortes da TC devem ser feitos desde L1 a 5 cm abaixo do introito vaginal. Contraste intravenoso é usado para melhor visualizar os vasos pélvicos e delinear as cadeias linfonodais. Nessa situação a ressonância magnética é especialmente útil para localizar o tumor grosseiro e/ou linfonodos.
Delineamento do volume de tratamento e estruturas normais
Recomendamos que o contorno dos linfonodos pélvicos siga as recomendações do RTOG atlas ginecológico (www.rtog.org).
Não existe GTV para as pacientes tratadas com radioterapia pélvica no pós-operatório, consequentemente, o CTV para o tumor deve incluir a cúpula vaginal e os paramétrios.
Para o CTV linfonodal a inclusão das drenagens das cadeias obturatória, ilíaca externa e ilíaca interna são recomendadas. Exames de imagens pré-operatórios podem servir de referência para o delineamento das áreas de alto risco. Guidelines como o do RTOG (veja; https://www.rtog.org/CoreLab/ContouringAtlases.aspx) têm sido criados para padronizar o delineamento do CTV na TC de simulação. Para criação do PTV é recomendada a adição de uma margem de 10-15mm no CTV para o CTV tumor e 7 mm para CTV linfonodal.
Os órgãos de risco como reto, bexiga, fêmures e intestino delgado devem ser contornados.
Dose de RT
Pelve de 44-50 Gy em 25-28 frações, seguido de braquiterapia (ver abaixo).
Técnica de RT
Radioterapia 3D para os tumores ginecológicos requerem a irradiação de toda a pelve, para tal a maioria dos centros utilizam a técnica de 4 campos em box. Mesmo se utilizando radioterapia conformacional, as disposições de campos são basicamente as mesmas.
A vantagem da radioterapia conformacional sobre a convencional é uma melhor cobertura do PTV. Já a radioterapia com intensidade modulada do feixe de radiação (IMRT) tem o potencial de melhorar o índice terapêutico, resultando numa redução de dose em estruturas críticas tais como: intestino delgado, reto, bexiga e fêmures. Isso é de fundamental importância para os pacientes que farão RTQT.
Braquiterapia
A Braquiterapia é de uso rotineiro no tratamento do câncer de endométrio, o objetivo de se utilizar a braquiterapia é reduzir as taxas de recidivas locais no fundo da vagina. Além disso, com essa técnica é possível administrar doses de radiação elevadas à vagina, sem afetar os órgãos de risco ao redor.
Geralmente, um cilindro vaginal é utilizado, devendo-se escolher para a aplicação o cilindro com o maior diâmetro possível, com intuito de reduzir a dose na superfície vaginal, reduzindo as chances de complicações tardias.
As prescrições de dose da HDR são feitas baseadas na recomendação da Sociedade Americana de Braquiterapia (ABS).
Doses sugeridas de HDR para serem usadas com ou sem radioterapia externa no câncer endometrial adjuvante:
Doses sugeridas de HDR para serem usadas com ou sem radioterapia externa no câncer endometrial adjuvante
Dose de restrição (QUANTEC)
Órgãos de risco (OAR) em radioterapia de câncer de endométrio incluem a bexiga, reto, intestino delgado, e as cabeças femorais.
Doses limites de radioterapia para câncer do endométrio
Efeitos Colaterais
Agudos
Diarreia. Na sua grande maioria esses efeitos são autolimitados e de leve intensidade. A diarreia ou desconforto abdominal pode ocorrer durante a RT pélvica, e é normalmente controlada por meio de uma dieta de baixo resíduo e com o uso de cloridrato de loperamida.
Se esses sintomas forem graves, o tratamento pode ser interrompido para permitir a recuperação.
Pele. Cuidados com a pele são necessários, principalmente, na região perineal, onde ocorre o eritema e a descamação, os quais também são de intensidade leve. Nos casos em que a lesão perineal se torna grave com ulcerações, ou fissuras, o uso de hidrocortisona de 1-2% é recomendado.
Outros sintomas menos comuns, mas que podem ocorrer, são o desconforto retal ou sangramento, o aumento da frequência urinária ou disúria. Este último requer investigação para exclusão de infecção, principalmente nos casos de disúria de intensidade considerada moderada e grave.
Tardios
Disúria, hematúria e incontinência.
Má absorção crônica, úlcera retal, sangramento retal ou estenose.
Vagina curta, dispareunia, necrose vaginal, fístula e secura vaginal.