Técnicas de Radioterapia e Efeitos Colaterais

Técnicas de Radioterapia

Radioterapia externa
Simulação e posicionamento

  • As pacientes são simuladas em decúbito dorsal com os braços sobre o tórax, joelhos com os membros inferiores imobilizados. A TC de simulação, quando disponível, deveria ser utilizada. Os lasers da TC de simulação devem ser alinhados anteriormente e lateralmente, e marcações, ou tatuagens devem ser feitas para prevenir a rotação lateral da pelve.
  • As pacientes devem ser simuladas com a bexiga parcialmente cheia e orientações devem ser dadas para mantê-la no mesmo volume durante todo o tratamento, já que as alterações no volume da bexiga influenciam a posição da cérvice e do colo uterino.
  • Os cortes da TC devem ser feitos desde L1 até 5 cm abaixo do introito vaginal. Contraste intravenoso é usado para melhor visualizar os vasos pélvicos e delinear as cadeias linfonodais.

Delineamento dos volumes de tratamento e órgãos em risco

  • Recomendamos que o contorno dos linfonodos pélvicos siga as recomendações do RTOG atlas ginecológico (www.rtog.org).
  • A radioterapia deve ser entregue ao tumor primário (GTV) e para os locais potenciais de disseminação microscópica, como os gânglios pélvicos. Assim a radioterapia externa é dada numa primeira fase englobando o tumor assim como a drenagem pélvica, com o intuito de reduzir o tumor primário e linfonodos, facilitando a geometria para a realização da braquiterapia intracavitária.
  • Quando o tratamento com braquiterapia não é possível um boost é dado ao GTV com margens de 1-1.5 cm. No CTV é necessário incluir o GTV, mais cérvice, paramétrios, vagina proximal e ligamentos uterossacros.
  • No caso de extensão cervical posterior o espaço pré-sacral deve ser incluído.
  • CTV incluindo os gânglios deveriam incluir os seguintes linfonodos: ilíacos comuns, ilíacos externos, internos, pré-sacrais superiores. Após o delineamento do CTV margens de 1.5 – 2 cm são utilizadas para a criação do PTV.

Técnica de RT

  • A radioterapia 3D para os tumores ginecológicos requerem a irradiação de toda a pelve, para tal a maioria dos centros utilizam a técnica de 4 campos em box. Mesmo se utilizando a radioterapia conformacional as disposições de campos são basicamente as mesmas.
  • A vantagem da radioterapia conformacional sobre a convencional é uma melhor cobertura do PTV. Já a radioterapia com intensidade modulada do feixe de radiação (IMRT) tem o potencial de melhorar o índice terapêutico, resultando numa redução de dose em estruturas críticas tais como intestino delgado, reto, bexiga e fêmures. Isso é de fundamental importância para as pacientes que farão RTQT.

Dose da RT pelve

  • A dose de prescrição da radioterapia pélvica varia de 45 – 50.4 Gy em frações de 1.8-2 Gy, dadas ao PTV1. Após o término da RT externa um boost é dado ao paramétrio, com dose variando de 5.4 – 14.4 Gy, este boost é utilizado em pacientes II e IIIB.
  • Quando linfonodos para-aórticos estão comprometidos o PTV deve ser estendido para incluir toda a região de drenagem, que se estende de L1 a sacro ilíacas, devendo receber 45Gy, podendo um boost ser dado as áreas com linfonodos positivos de 54-60 Gy à depender da técnica de tratamento utilizada.

Dose de restrição (QUANTEC)

  • Órgãos de risco (OAR) em radioterapia de câncer de endométrio incluem a bexiga, reto, intestino delgado, e as cabeças femorais.
  • Doses limites de radioterapia para câncer do endométrio:

Braquiterapia

  • A braquiterapia é um importante componente da RT definitiva para o câncer do colo uterino, e o seu uso é crítico para conseguir o controle tumoral e melhorar a sobrevida das pacientes. A braquiterapia fornece um tratamento conformal para o tumor, e permite o fornecimento de altas doses (85 Gy ou mais) para as regiões paracervical.
  • Tradicionalmente a dose da braquiterapia tem sido prescrita a um ponto, que equivale aos pontos paracervicais, chamado de ponto A. Além disso a dose é definida para outro ponto definido como B, que representa os paramétrios, e os órgãos de risco, incluindo doses nos pontos que representam a bexiga, o reto, e a mucosa vaginal.

Ponto A

  • Ponto A é definido no sistema de Manchester como o ponto de dois centímetros superior a uma linha horizontal que passa por cima dos fundos de sacos laterais e na linha média, distando 2 cm laterais da linha média. É o ponto anatômico que teoricamente ocorre a necrose, e representa o cruzamento da artéria uterina com o ureter. O ponto A relaciona-se com a dose máxima para os tecidos saudáveis ​​e a dose mínima para o tumor.

Ponto B

  • Ponto B está localizado a 3 cm lateralmente ao ponto A (2 cm superiores aos fundos de sacos laterais, e a partir da linha média dista 5 cm lateralmente), e o ponto B representa a dose recebida pelos nódulos linfáticos da cadeia obturatória.
  • Esquemas de fracionamento mais utilizados na prática clínica, conforme a sociedade americana de braquiterapia.

Ponto de referência da bexiga

  • Um cateter de foley é colocado na bexiga e preenchido com material radio-opaco com 7 cm³. O cateter é puxado com discreta força de forma que ele fique estabilizado no trígono vesical. Na radiografia lateral do centro do balão da sonda de foley traça-se uma linha imaginária passando pelo centro e o ponto mais externo do balão, o qual será denominado de ponto da bexiga, sendo este o ponto de avaliação de dose da bexiga.

Ponto de referência do reto

  • Ponto marcado através de uma linha imaginária que sai do centro do ovoide, passando perpendicularmente 5mm abaixo da superfície posterior da parede vaginal.

Recomendações de limites de dose para os órgãos de risco

Efeitos Colaterais

Agudos

  • A diarreia pode ocorrer durante a radioterapia da pelve, e é tratada com loperamida e uma dieta pobre em resíduos. Se houver piora da diarreia e/ou dor abdominal, o tratamento pode ter de ser suspenso.
  • Disúria. A frequência urinária aumentada e a disúria podem ocorrer, e uma amostra de urina deve ser tomada para excluir infecção. Sangramento retal e defecação dolorosa também podem ocorrer.
  • Náuseas e vômitos. Pacientes submetidos a radioterapia para-aórtica devem receber antieméticos profiláticos para prevenir náuseas e vômitos. Uma boa ingestão de líquidos deve ser incentivada e as pacientes devem evitar fumar.
  • As reações cutâneas são tratadas com 1-2 % de creme à base de hidrocortisona. Durante o tratamento o ideal é que a hemoglobina seja mantida em 12 g/dL ou superior, já que as taxas de recorrência locorregionais são mais elevadas em pacientes anêmicos.
  • Função sexual. Gel vaginal e hidratação, ou dilatadores são usados ​​para ajudar a reduzir o encurtamento e a estenose vaginal.
  • Fadiga crônica, urgência urinária ou fecal, ou incontinência e dor pélvica são efeitos colaterais tardios incomuns da radioterapia pélvica.

Tardios

  • Disúria, hematúria e incontinência.
  • Má absorção crônica, úlcera retal, sangramento retal ou estenose.
  • Vagina curta, dispareunia, necrose vaginal, fístula e secura vaginal.