585 pacientes com diagnóstico de carcinoma espinocelular da glote, estadio T1N0 a T2N0, tratados com RT exclusiva, no período entre 1964 e 2006, foram analisados. Todos os pacientes tinham pelo menos 2 anos de follow-up e receberam curso contínuo RT. Nenhum desses pacientes tinha recebido quimioterapia ou RT eletiva em drenagem linfática.
Seguimento médio para os sobreviventes foi de 12 anos. Taxas de controle local (LC) em 5 anos foram de: T1A, 94%; T1B, 93%; T2A, 80% e T2B, 70%. Taxas de controle local (CL) para pacientes submetidos à cirurgia conservadora foram de: T1A, 95%; T1B, 94%, T2A, 81% e T2B, 74%; 24 (4%) de 585 pacientes apresentaram falha ganglionar no pescoço.
Mendenhall et al. (2001): DOI: 10.1200/JCO.2001.19.20.4029
519 pacientes com câncer de laringe inicial foram tratados com radioterapia e tiveram acompanhamento ≥ de 2 anos.
Taxas de controle local (LC) em 5 anos após a radioterapia foram: T1A, 94%; T1B, 93%; T2A, 80% e T2B, 72%.
Taxas de causas específicas de sobrevivência em 5 anos foram: T1A e T1B, 98%; T2A, 95% e T2B, 90%.
Hinerman et al. (2002) DOI: 10.1002/hed.10069
274 pacientes com carcinoma de células escamosas da laringe supraglótica foram tratados com radioterapia isolada ou combinada com esvaziamento cervical planejado. Após a radioterapia, foram tratados no período entre 1964 e 1998. Todos os pacientes tiveram acompanhamento por um período mínimo de 2 anos. E 250 (91%) tiveram acompanhamento por 5 ou mais anos.
A probabilidade atuarial de controle local de 5 anos, conforme estadio T, após a radioterapia, foi de: T1, 100%, T2, 86%; T3, 62% e T4, 62%. A probabilidade de causa específica de sobrevivência de 5 anos, conforme estadio da AJCC, foi o seguinte: estadio I, 100%; II, 93%; III, IV- 81%, 50% e IVB, 13%. O risco de complicações tardias graves foi de 4% dos 57 pacientes submetidos a esvaziamento cervical planejado.
Laringe avançada
VA Larynx Trial (1991): DOI: 10.1056/NEJM199106133242402
332 pacientes com estadio III-IV larynx (T1N1 foi excluído) foram randomizados para cirurgia e radioterapia (RT) pós-op; (50-74 Gy) vs. quimioterapia de indução com cisplatina/5-FU × 2c (com inclusão de terceiro ciclo se PR/CR) e RT (66-76 Gy). Esvaziamento cervical não foi indicado de rotina para pacientes N +. Quimioterapia permitiu em 64% a preservação da laringe em 2 anos.
Não há diferença na taxa de sobrevida global (68%) de 2 anos. Radioquimioterapia diminuiu as recidivas a distância, mas teve maior falha local (12% vs. 2%).
A preservação do órgão aumentou a qualidade de vida. Laringectomia de salvamento foi necessária em 56% dos pacientes portadores de T4.
RTOG 91–11 (Forastiere et al. 2003): DOI: 10.1056/NEJMoa031317
547 pacientes com câncer de laringe, estadiamento III-IV foram randomizados para um dos três braços de tratamento: RT isolada, quimioterapia de indução seguida de RT ou radioquimioterapia concomitante. O esquema de RT foi de 2 Gy/ 70 Gy em todos os braços. Quimioterapia de indução com esquema de cisplatina/5-FU × 2c e reavaliação. Se houve progressão da doença ou pequena resposta parcial (PR <), pacientes eram tratados com laringectomia e RT pós-op; Se houvesse remissão parcial ou completa (RP/ RC), um terceiro ciclo de quimioterapia era indicado e RT pós-op; O esquema da quimioterapia concomitante era com três ciclos de cisplatina. Todos os pacientes com estadiamento cN2 foram submetidos a esvaziamento dentro de oito semanas após RT.
Na atualização, o tratamento com radioquimioterapia concomitante em 5 anos aumentou as taxas na preservação da laringe (84%) vs. quimioterapia de indução (71%) e RT isolada (66%); Para controle locorregional (CLR) foi de 69% vs. quimioterapia de indução 55% e RT isolada 51%. A quimioterapia reduziu a taxa de metástases a distância (DM) – (13% na QT concomitante, 14% na QT de indução e 22% para RT isolada); Para sobrevida livre de doença (SLD), taxas de 39% com quimioterapia contra 27% para RT isolada).
Intergroup (Aldestein et al. 2003) DOI: 10.1200/JCO.2003.01.008
Ensaio clínico randomizado fase III que incluiu 295 pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado irressecável (28% hipofaringe) para receberem RT exclusiva (70 Gy/35 fx), ou o mesmo esquema de RT combinado com cisplatina (D1/D22/D43), ou o mesmo esquema de cisplatina com 5-FU e RT em Split course.
O tratamento combinado com cisplatina e RT (70 Gy/35fx) resultou em melhor sobrevida global em 3 anos do que os outros esquemas.
GORTEC 2000–01 (Pointreau et al. 2009): DOI: 10.1093/jnci/djp007
220 pacientes com câncer de laringe ou hipofaringe localmente avançados foram submetidos à laringectomia total, em seguida, randomizados para três ciclos TPF (docetaxel, cisplatina, 5-FU) vs. PF (cisplatina e 5-FU) a quimioterapia.
Se houvesse resposta completa (RC) ou parcial (PR), com mobilidade da laringe, pacientes eram tratados com radioterapia com ou sem quimioterapia; Se não houvesse resposta, pacientes eram indicados para cirurgia ou radioterapia pós-op. com ou sem quimioterapia.
TPF melhorou a taxa de resposta global (80% vs. 59%) em 3 anos a taxa de preservação da laringe (70% vs. 58%), mas apresentou mais neutropenia.
Cetuximab (Bonner et al. 2006): DOI: 10.1056/NEJMoa053422
424 pacientes com doença localmente avançada, estadio III-IV ressecável ou irressecável da orofaringe, laringe ou hipofaringe, foram randomizados para RT ou RT + cetuximabe administrado uma semana antes da radioterapia e, semanalmente, durante a radioterapia. Opções de RT incluíam esquema de 2-70 Gy, 1,2 b.i.d./72-76.8 Gy ou CB 72 Gy.
Cetuximabe aumentou a taxa de controle locorregional (LRC) em 3 anos (34% vs. 47%) e da sobrevida global (OS) 45% vs. 55%.
Com exceção da erupção cutânea acneiforme e reações à infusão com cetuximab, a toxicidade foi similar.
EORTC 24954 (Lefebvre et al. 2009): doi: 10.1093/jnci/djn460. Epub 2009 Jan 27.
450 pacientes com doença ressecável T3-T4 da laringe ou T2-T4 da hipofaringe, N0-N2, foram randomizados para braços sequenciais: dois ciclos de cisplatina /5-FU e, se houver >50% de redução tumoral, mais dois ciclos de cisplatina/5-FU com RT 70 Gy vs. quatro ciclos de cisplatina/5-FU durante a 1ª, 4ª, 7ª e 10ª semanas, alternando com 20 Gy RT durante duas semanas de intervalo com 60 Gy no total.
Sem diferenças: na preservação da laringe, na sobrevida livre de progressão (PFS), sobrevida global (OS) ou toxidade aguda e tardia.
QT de indução vs. RTQT
PARADIGM (Haddad et al. 2014) DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(13)70011-1
Os pacientes foram randomizados (em uma proporção de 1:1) para receber QT de indução com três ciclos de TPF, seguidos de RTQT concomitante com docetaxel, ou carboplatina, ou RTQT simultânea com dois ciclos em bólus de cisplatina; 145 pacientes, após seguimento médio de 49 meses, 41 pacientes morreram – 20 na QT de indução, seguida de RTQT e 21 no grupo de RTQT concomitante. A sobrevida global em 3 anos foi de 73% vs.78% (p = 0,77). Mais pacientes tiveram neutropenia febril na QT de indução (16 pacientes) do que no grupo com RTQT isolada (um paciente).
DECIDE (Cohen et al. 2014) DOI: 10.1200 / JCO.2013.54.6309
Pacientes com câncer de cabeça e pescoço N2-3 não metastático foram aleatoriamente distribuídos para receber RT + QT ou QT de indução com docetaxel 75 mg/ m² no dia 1º, cisplatina mg/ m² no dia 1º e 5/FU 750 mg/ m² nos dias 1º a 5), seguida pelo mesmo esquema de RT + QT.
285 pacientes foram distribuídos aleatoriamente. As toxicidades de grau 3 a 4 mais comuns durante a QT de indução foram neutropenia febril (11%) e mucosite (9%); Com seguimento mínimo de 30 meses, não houve diferença estatisticamente significativa para SG (HR, 0,91; IC 95%, 0,59 a 1,41), sobrevida livre de recorrência ou de metástases.
RTOG 95–01 (Cooper et al. 2004) 10.1016/j.ijrobp.2012.05.008
459 pacientes com câncer operável da cavidade oral, orofaringe, laringe ou hipofaringe que tinham dois ou mais linfonodos envolvidos, extensão extracapsular ou + margem foram randomizados para RT pós- op. (2/60-66 Gy) vs. Quimio-RT pós-op. (2/60-66 Gy e cisplatina × 3 c).
Quimio-RT melhorou a sobrevida livre de doença em 2 anos (43% vs. 54%), controle locorregional (72% vs. 82%) e apresentou tendência de aumento da sobrevida global (57% e 63%) com aumento do grau de toxidade 3-4 (34% e 77%).
RT pós-operatória
EORTC 22931 (Bernier et al. 2004)
334 pacientes com doença operável da cavidade oral, orofaringe, laringe e hipofaringe com estadio III-IV foram randomizados para RT pós-op. (2/66 Gy) vs. RTQT pós-op. (2/66 Gy e cisplatina 100 mg/m² nos dias 1º, 22, 43).
Todos os pacientes receberam 44 Gy para área cervical de baixo risco. Os critérios de inclusão foram para os estadiamentos pT3 – 4 N0 / +, T1- 2 N2 -3, e T1- 2 N0 – 1 com extensão extracapsular + margem ou invasão perineural.
RTQT melhorou a sobrevida livre de doença em 5 anos (59% vs. 47%), sobrevida global em 5 anos (65% e 53%) e 5 anos controle locorregional (82%), mas aumentou o grau de toxidade 3-4 (21% e 41%).
RTOG 95–01 (Cooper et al. 2004) 10.1016/j.ijrobp.2012.05.008
459 pacientes com câncer operável da cavidade oral, orofaringe, laringe ou hipofaringe que tinham dois ou mais linfonodos envolvidos, extensão extracapsular ou + margem foram randomizados para RT pós- op. (2/60-66 Gy) vs. Quimio-RT pós-op. (2/60-66 Gy e cisplatina × 3 c).
Quimio-RT melhorou a sobrevida livre de doença em 2 anos (43% vs. 54%), controle locorregional (72% vs. 82%) e apresentou tendência de aumento da sobrevida global (57% e 63%) com aumento do grau de toxidade 3-4 (34% e 77%).
Pooled RTOG/EORTC analysis (Bernier 2005) DOI: 10.1002/hed.20279
RTQT apresentou tendência (p> 0,06) de aumento das taxas de sobrevida global, sobrevida livre de doença e recidiva locorregional para extenção extracapsular e/ou + margens para estadio III-IV, comprometimento perineural e envolvimento linfovascular e/ou gânglios aumentados nos níveis IV-V não foram significativos.