Novidades sobre ASCO GU – Genitourinary Cancers Symposium

Novidades sobre ASCO GU – Genitourinary Cancers Symposium

Entre os dias 8 e 10 de fevereiro de 2018, foi realizado em São Francisco (EUA), o Congresso Anual de tumores do trato geniturinário das sociedades americanas de Oncologia Clínica, Radioterapia e Urologia (ASCO, ASTRO e AUA), o ASCO GU (Genitourinary Cancers Symposium). Foram três dias de apresentações de trabalhos inéditos, discussões de casos clínicos e palestras dos maiores pesquisadores da área.

Temos o prazer de compartilhar as principais novidades no tratamento e diagnóstico do câncer de próstata, bexiga e rim:

Próstata

Dois grandes estudos de fase 3 – PROSPER e SPARTAN – avaliaram as drogas enzalutamida e apalutamida, respectivamente, no contexto do paciente resistente ao bloqueio hormonal central, com PSA em ascensão, porém ainda sem metástases detectáveis nos métodos convencionais.  Ambas as medicações, quando comparadas a placebo, diminuíram em mais de 70% o risco de desenvolvimento de metástases ou morte, e devem mudar a prática clínica atual.

Ainda em câncer de próstata, o uso de um novo método de imagem com o PET-CT marcado com 18F-fluciclovina mudou cerca de 60% das decisões oncológicas de pacientes com recidiva bioquímica. Olaparibe e durvalumabe parecem ser promissores em subgrupo de pacientes politratados com mutações em vias de reparo do DNA.

Bexiga

Nos tumores uroteliais de bexiga, entendemos melhor o papel de biomarcadores de resposta à imunoterapia em estudo analítico do IMvigor211 (que aprovou o atezolizumabe) e na atualização do KEYNOTE-045 com dois anos de seguimento, através do qual se confirmou o benefício em sobrevida global do pembrolizumabe em relação à quimioterapia convencional nos pacientes refratários à platina (cerca de 30% de redução do risco de morte). O estudo POUT reforçou a importância da quimioterapia perioperatória nos tumores de ureter e pelve renal e deverão ser tomados como base para futuras decisões sobre o tratamento desses tumores.

Rim

Nos tumores renais, as novidades prometem dificultar a escolha do oncologista nos próximos anos na primeira linha de tratamento. A terapia-alvo cabozantinib e a combinação dos imunoterápicos  nivolumabe + ipilimumabe já haviam demonstrado superioridade ao sunitinibe em primeira linha (estudos CABOSUN e Checkmate-214); neste congresso foi apresentado o estudo de fase 3 IMmotion151, que comparou a combinação atezolizumabe + bevacizumabe com o sunitinibe, com benefício de sobrevida livre de progressão de doença a favor da combinação (dados de sobrevida ainda imaturos). A combinação possui perfil seguro de eventos adversos porém deve-se aguardar a atualização dos dados com maior tempo de seguimento. Por último, um estudo retrospectivo corroborou o papel da nefrectomia citorredutora nos pacientes com tumores renais com histologia papilífera em aumentar a sobrevida no cenário metastático.

 

Dr. André Bacellar Costa Lima

Oncologista clínico do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB)/ Grupo Oncoclínicas

CRM 24168-BA