Técnicas de Radioterapia e Efeitos Colaterais

Técnicas de Radioterapia

Simulação e posicionamento

  • Durante as aplicações o paciente fica sentado ou deitado dependendo do local de aplicação. Cuidado deve ser tomado com lesões na face, principalmente as localizadas próximas aos olhos, proteções de chumbo confeccionadas de forma a se adaptarem a cada paciente são necessárias. Quando há necessidade de uso de bólus o técnico deve colocá-lo de forma adequada sobre o volume alvo.
  • Marcas na pele, tatuagens e fotos da posição de tratamento podem ser necessárias para uma melhor reprodutibilidade de posicionamento durante o tratamento. Se houver lesões crostosas e o médico julgar que as mesmas possam estar influenciando na cobertura do tumor pela dose de prescrição, as crostas podem ser removidas para assegurar a dose na profundidade.
  • O tratamento das lesões de pele pode ser realizado com raios X de ortovoltagem (75-150 kVp, dependendo da profundidade do tumor) ou, mais comumente, com feixes de elétrons (6-12 MeV, dependendo da profundidade do tumor).
  • Quando o tratamento é realizado utilizando feixes de elétrons, a linha de isodose de 90% do feixe deve cobrir toda a profundidade do tumor (incluindo o bólus). O tamanho dos campos para os feixes de elétrons deve ser de pelo menos 5 cm para uma dosimetria confiável. O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, propensa ou semi-deitado, de modo que o tumor pode ser acessado pela máquina de raio-X superficial ou aplicadores de elétrons. Diversos acessórios, como travesseiros, cabeceiras e sacos de areia podem ajudar na imobilização, se necessário.

Delineamento do volume e órgãos de risco

  • O volume do tumor macroscópico (GTV) é definido clinicamente e marcado na pele. A margem adicionada à GTV para criar o volume de tratamento clínico (CTV) depende do tipo clínico-patológico da lesão, o local e tamanho da lesão a ser tratada, e da proximidade com órgãos de risco. O tamanho do campo é escolhido para o PTV adequadamente receber 95% da dose prescrita e vai variar entre a radioterapia superficial e a radioterapia com elétrons.
  • Para um CBC/CEC pequeno e de baixo risco, com um GTV < 2 cm bem definido uma margem de 1 cm para criar o campo de tratamento com radioterapia superficial é apropriado. Para lesões de alto risco, lesões maiores ou mal definidas, uma margem de 1,5 a 2 cm pode ser necessária para criar o campo de tratamento utilizando a radioterapia superficial.
  • Margens maiores devem ser usadas quando o tratamento com elétrons é utilizado. Isto dependerá do tamanho da lesão e da energia do feixe de elétrons. Por exemplo, um feixe de elétrons com 6 MeV tratando uma área de 5 cm, uma margem de 1 centímetro deve ser adicionada, para definir o tamanho do campo com um aplicador de elétrons.
  • O tratamento eletivo para os linfonodos não é recomendado para os CBCs. Entretanto, para os pacientes com CEC de alto risco (vide tabela) o tratamento dos linfonodos cervicais é recomendado.

RT dose

  • As doses utilizadas para o CBC e CEC são recomendados de acordo com o tamanho e localização da doença primária:
  • Fracionamento convencional adjuvante:
  • 60 Gy em 30 frações para o tumor primário com margens negativas
  • 66 Gy em 33 frações para o tumor primário com margens positivas e linfonodo com extravasamento capsular.
  • 44-50 Gy em 22 frações para linfonodos regionais com risco aumentado > 15%.

Fracionamento convencional tratamento definitivo

  • 66 Gy em 33 frações para o tumor primário.

Hipofracionamento adjuvante

  • 55 Gy em 20 frações para o tumor primário.
  • 50 Gy em 20 frações para os níveis linfonodais em risco.
  • Hipofracionamento tratamento definitivo.
  • 50 Gy em 15 frações para o tumor primário.
  • 40 Gy em 10 frações para o tumor primário.
  • 35 Gy em 5 frações para o tumor primário.
  • 50 Gy em 20 frações para os níveis linfonodais em risco.
  • A utilização de fracionamento padrão (1,8-2 Gy por fração) deve mostrar resultado cosmético melhorado quando comparado com a dose mais elevada por fração. Recomenda-se o uso de esquemas hipofracionados para lesões < 2 cm, para minimizar os efeitos tardios do tratamento radioterápico.

Efeitos Colaterais

  • Durante o tratamento a pele deve estar seca, e orientações para se evitar raspagem, uso de maquiagem, ou produtos químicos devem ser dadas.
  • O eritema normalmente desenvolve-se na primeira semana de tratamento, seguido por uma reação exsudativa.
  • O eritema agudo é tratado com creme à base de hidrocortisona. Vaselina pode ser usada dentro da narina para ajudar a evitar formação de crostas e sangramento nasal.
  • Se a dose para a glândula lacrimal é mantida abaixo de 35 Gy, o risco de a complicação tardia como olho seco pode ser minimizado.
  • Efeitos colaterais a longo prazo incluem atrofia, hiper ou hipopigmentação, telangiectasia e alopecia. Os pacientes devem ser aconselhados para evitar a exposição aos ventos frios e sol, usar creme protetor contra os raios ultravioletas do sol, bem como usar chapéu.