O controle local está diretamente relacionado com a dose total de radiação administrada e inversamente relacionado com o tempo de duração do tratamento.
Evidências
Cirurgia e/ou RT
Zitsch (1995) DOI: 10.1177/019459989511300510
Análise retrospectiva de 323 pacientes tratados com cirurgia e/ou radioterapia. Foi avaliada a recorrência da doença, a mortalidade por causa específica e a incidência de lesões metacrônicas.
A sobrevida livre de recorrência de 10 anos foi estimada como sendo de 92,5%, e a sobrevida por causa específica aos 10 anos foi estimada como sendo de 98%. Taxas equivalentes de controle local foram obtidas com cirurgia e radioterapia.
Rodgers et al (1993) PMID: 8416850
194 pacientes portadores de carcinoma espino celular (CEC) do assoalho de boca, sem tratamento prévio, foram tratados de forma isolada com cirurgia ou radioterapia.
Foi realizada análise retrospectiva para avaliar os resultados do tratamento e as taxas de complicações associadas.
Cirurgia e radioterapia apresentaram taxas similares para o controle local das lesões iniciais estadios I e II, ao passo que para tumores mais avançados houve melhor resposta para o controle local na combinação entre cirurgia e radioterapia adjuvante.
Radioterapia apresentou maior incidência de complicações leves e moderadas, enquanto que a cirurgia apresentou complicações mais graves no pós-operatório.
Nair et al (1988) PMID: 3345488
Estudo retrospectivo com 234 pacientes portadores de câncer de língua da cavidade oral tratados com radioterapia apenas em uma única instituição na Índia.
Radioterapia foi utilizada como primeira linha de tratamento para essa série de pacientes, e a cirurgia foi reservada para tratar as falhas do tratamento radioterápico, embora muito poucos pacientes tenham optado pela cirurgia de resgate.
Dos 234 pacientes, 42% tiveram sobrevida livre de doença ao fim de 3 anos com a radioterapia isolada. Doença livre de doença foi de: 85% para estadio I, 63% para estadio II, 41% para estadio III e 15% para estadio IV em 3 anos.
Doença avançada
RTQT exclusiva
MACH (Pignon et al.2009) DOI: 10.1016/j.radonc.2009.04.014
Metanálise de 93 estudos, fase III, com 16.485 pacientes, avaliou a associação de QT à RT vs. RT exclusiva. Um benefício de 4,5% na sobrevida global em 5 anos foi observado quando a QT foi acrescentada à radioterapia, com maior benefício para RTQT concomitante vs. QT de indução seguida por RT (6.5% na sobrevida global com RTQT concomitante).
Os resultados foram similares nos estudos com radioterapia convencional e radioterapia com fracionamento alterado.
Não houve diferenças entre os esquemas de mono ou poliquimioterapia, mas houve melhor benefício com os esquemas com cisplatina.
RTQT convencional vs. acelerada
RTOG 0129 (Nguyen-Tan et al. 2014). DOI: 10.1200 / JCO.2014.55.3925
721 pacientes com câncer da cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe foram analisados (361, RTQT fração convencional, 360, RTQT com fracionamento acelerado). Com seguimento médio de 7,9 anos, não foram observadas diferenças na sobrevida global (p= 0,37); sobrevida livre de progressão (p = 0,52) ou metástase a distância (p= 0,16). Para o câncer de orofaringe, os pacientes com p16 (+) apresentaram melhor sobrevida global (p <0,001). Não houve diferenças estatisticamente significativas nas toxicidades aguda ou tardia de grau 3-5 entre os dois braços e p-16.
QT de indução vs. RTQT
PARADIGM (Haddad et al. 2014) DOI: 10.1016/S1470-2045(13)70011-1
Os pacientes foram randomizados (em uma proporção de 1:1) para receber QT de indução com três ciclos de TPF seguido de RTQT concomitante com docetaxel ou carboplatina ou RTQT simultânea com dois ciclos em bólus de cisplatina,145 pacientes, após um seguimento médio de 49 meses, 41 pacientes morreram – 20 na QT de indução seguida RTQT e 21 no grupo de RTQT concomitante. A sobrevida global em 3 anos foi de 73% vs. 78% (p = 0,77). Mais pacientes tiveram neutropenia febril na QT de indução (16 pacientes) do que no grupo com RTQT isolada (um paciente).
DECIDE (Cohen et al. 2014) DOI: 10.1200 / JCO.2013.54.6309
Pacientes com câncer de cabeça e pescoço N2-3 não metastático foram aleatoriamente distribuídos para receber RT + QT ou QT de indução com (docetaxel 75 mg/m² no dia 1º, cisplatina 75 mg/m² no dia 1º e 5/FU 750 mg/m² nos dias 1º a 5), seguido pelo mesmo esquema de RT + QT.
285 pacientes foram distribuídos aleatoriamente. As toxicidades de grau 3 a 4 mais comuns durante a QT de indução foram neutropenia febril (11%) e mucosite (9%); Com seguimento mínimo de 30 meses, não houve diferenças estatisticamente significativas para SG (hazard ratio, 0,91; IC 95%, 0,59 a 1,41), sobrevida livre de recorrência ou de metástases.
Pooled RTOG/EORTC analysis (Bernier 2005) DOI: 10.1002/hed.20279
RTQT apresentou tendência (p> 0,06) de aumento das taxas de sobrevida global, sobrevida livre de doença e recidiva locorregional para extensão extracapsular e/ou + margens para os estadios III-IV, comprometimento perineural e envolvimento linfovascular e/ou gânglios aumentados nos níveis IV-V não foram significativos.
RTQT vs. RT pós-operatória
EORTC 22931 (Bernier et al. 2004)
334 pacientes com doença operável da cavidade oral, orofaringe, laringe e hipofaringe, com estadios III-IV, foram randomizados para RT pós-op. (2/66 Gy) vs. RTQT pós-op. (2/66 Gy e cisplatina 100 mg/m² dias 1º, 22, 43).
Todos os pacientes receberam 44 Gy para área cervical de baixo risco. Os critérios de inclusão foram para os estadiamentos T3 – 4 N0 / +, T1- 2 N2 -3 e T1- 2 N0-1 com extensão extracapsular + margem ou invasão perineural.
RTQT melhorou a sobrevida livre de doença em 5 anos (59% vs. 47%), sobrevida global em 5 anos (65% e 53%) e 5 anos controle locorregional (82%), mas aumentou o grau de toxidade 3-4 (21% e 41%).
RTOG 95-01 (Cooper et al. 2004) 10.1016/j.ijrobp.2012.05.008
459 pacientes com câncer operável da cavidade oral, orofaringe, laringe ou hipofaringe que tinham dois ou mais linfonodos envolvidos, extensão extracapsular ou + margem foram randomizados para o RT pós-op. (2/60-66 Gy) vs. Quimio -RT pós-op. (2/60-66 Gy e cisplatina × 3 c).
Quimio-RT melhorou a sobrevida livre de doença em 2 anos (43% vs. 54%), controle locorregional (72% vs. 82%) e apresentou tendência de aumento da sobrevida global (57% e 63%) com aumento do grau de toxidade 3-4 (34% e 77%).