17 maio TRATAMENTO AMBULATORIAL DE RETITE INDUZIDA POR RADIOTERAPIA EM PACIENTES COM CÂNCER DE PRÓSTATA
Contexto clínico
Atualmente, a radioterapia (RT) é um dos principais tratamentos para o câncer de próstata. Recentes estudos demonstram que quando a radioterapia é administrada com doses adequadas seus resultados são comparáveis aos da cirurgia. Nos últimos anos, a radioterapia passou por uma grande revolução tecnológica. Tal evolução tem tornando o tratamento mais eficaz e seguro. Entretanto, mesmo com o uso de alta tecnologia, casos de efeitos colaterais, como a retite, ainda são observados na prática clínica. A retite é um dos efeitos secundários da radioterapia mais temidos, devido ao seu grande impacto na qualidade de vida dos pacientes, e, mesmo hoje, não existe um tratamento considerado padrão para o seu manejo.
Estudo
Estudo publicado na edição de 2 de fevereiro de 2017 da revista International Journal of Colorectal Disease avaliou o uso de formalina aplicada ambulatoriamente com aplicador próprio para retite de pacientes com câncer de próstata tratados por RT. Nesse estudo, seus idealizadores avaliaram o uso da formalina a 5% com aplicador próprio em 35 homens que foram submetidos à radioterapia para câncer de próstata localizado e, mais tarde, desenvolveram retite.
O objetivo desse estudo quase experimental foi avaliar uma nova técnica para a aplicação ambulatorial de formalina para o sangramento retal crônico após a irradiação da próstata. No período entre janeiro de 2010 e julho de 2015, 35 pacientes com retite crônica, devido a um curso prévio de radiação prostática, foram tratados e seguidos.
Para os pacientes serem incluídos no estudo era necessário:
(1) radioterapia prévia completa para o carcinoma de próstata > 6 meses;
(2) sangramento retal definido com uma frequência maior que 1 vez por semana e/ou necessidade de transfusões de sangue e;
(3) diagnóstico de retite crônica na colonoscopia.
A aplicação de formalina a 5% foi realizada por meio de um aplicador personalizado, que não necessitava de anestesia nem de retossigmoidoscopia. O desfecho do estudo foi a cessação da hemorragia e o nível de hemoglobina. Durante um seguimento mediano de 24 meses, a taxa de eficácia global do procedimento foi de 94%. A resposta completa sustentada em um e dois anos foi de 80% e de 73%, respectivamente. O nível de hemoglobina prévio (Hb) pré e pós-tratamento diferiu significativamente (12,2 g/dl vs. 14,4 g/dl, p = 0,0001). As taxas de transfusão de sangue diferiram significativamente pré e pós-tratamento (17% vs. 5,7%, p = 0,031).
Interpretação
A técnica é muito eficaz e segura, resultando em uma melhora significativa tanto dos níveis de hemoglobina, como da necessidade de transfusão e da qualidade de vida. Outros estudos são justificados para poder-se comparar essa técnica com diferentes opções de tratamento para o sangramento retal crônico induzido por radiação, uma vez que a aplicação de formalina a 5% é barata, rápida e eficaz.
Referências
- Viani GA, Sakamoto A. Outpatient application of formalin for chronic rectal bleeding after prostate irradiation: a quasi-experimental study. Int J Colorectal Dis. Epub ahead of print. 2017, Jan 20. DOI: 10.1007/s00384-017-2759-y.